Sobre a Obesidade

A obesidade é uma doença caracterizada por ganho de peso devido ao acúmulo de gordura (tecido adiposo) e é definida por um valor do índice de massa corporal acima de 30 Kg/m2.

A forma mais fácil de saber qual é a condição do peso de um indivíduo, é calculando o índice de massa corporal que é o peso em quilos, dividido pela altura em metros ao quadrado. Ou seja, dividir o peso pela altura e o resultado desta conta deve ser dividido novamente pela altura. Confira a fórmula do IMC:

O IMC:

Vamos exemplificar o cálculo do IMC através de um cálculo básico: se você pesa 100 kg e tem um metro e setenta (1,70) seu IMC será de 34,6. (100 dividido por 1,70 e o resultado divido novamente por 1,70).

Normal < 25 Kg/m2
Sobrepeso 25 a < 30 Kg/m2
Obeso Grau I 30 a < 35 Kg/m2
Obeso Grau II 35 a < 40 Kg/m2
Obeso Grau III (Mórbida) 40 a < 50 Kg/m2
Superobeso 50 a < 60 Kg/m2
Supersuperobeso > 60 Kg/m2

QUAIS CAUSAS?

1. Ingestão excessiva de alimentos

Os hábitos de vida contemporânea favorecem o consumo exagerado de alimentos de alto valor calórico, mas com pobre qualidade nutricional. Essa ingestão excessiva também pode ser desencadeada por transtornos de compulsão alimentar.

2. Falta de atividade física

O sedentarismo é outra causa indutora da obesidade. É necessário tentar incluir atividades físicas regulares na rotina diária. O gasto energético vem diminuindo com os confortos da vida moderna, como controles remotos de TV, elevadores, automóveis, escadas rolantes etc.

3. Tendência genética

Pesquisas mostram a relação entre herança genética e obesidade. Normalmente, pais com peso normal têm em média 10% dos filhos obesos. Quando um dos pais é obeso, 50% dos filhos certamente o serão. E, quando ambos os pais são obesos, esse número pode subir para 80%.

4. Problemas hormonais

Alterações nas funções das glândulas tireoide, suprarrenais e da região do hipotálamo também podem provocar a obesidade.

RISCOS DA OBESIDADE:

Diabetes Tipo 2: 80% dos pacientes com diabetes tipo 2 têm sobrepeso ou obesidade;

Dislipidemia: a obesidade é associada a inúmeras alterações dos lipídios circulantes como triglicerídeos alto (hipertrigliceridemia), baixo HDL colesterol (colesterol bom) e aumento do LDL e VLDL colesterol que fazem com que aumente o risco de formar placas nas artérias;

Hiperuricemia: Ácido úrico elevado – Gota;

Síndrome Metabólica: Consiste na soma de doenças associadas à obesidade como apnéia do sono, colesterol e triglicerídeos altos, diabetes, pressão alta e outras. Três destas condições determinam a síndrome metabólica.

COMPLICAÇÕES DIGESTIVAS:

Hérnia hiatal, Pedras na vesícula (litíase biliar): 50 a 70% dos pacientes com pedras na vesícula são obesos, pancreatite aguda, hepatite não-alcóolica.

COMPLICAÇÕES RESPIRATÓRIAS:

Disfunções Ventilatórias Mistas: predominantemente restritivas, envolvendo insuficiência respiratória;

Síndrome de Pickwick: caracterizada por extrema obesidade, sonolência diurna intensa, hipóxia (falta de oxigênio no sangue), hipercapnia (aumento do gás carbônico no sangue) , cianose (coloração azulada da pele, principalmente extremidades) e dilatação do coração;

Apneia do Sono: são períodos maiores que 10 segundos de parada respiratória durante o sono, geralmente associados a roncopatia (roncos) e arritmia cardíaca.

Complicações osteoarticulares: artrose das articulações maiores dos membros inferiores e coluna.

COMPLICAÇÕES VASCULARES:

  • Varizes: dois terços das pessoas com varizes são obesas;
  • Insuficiência Venosa Crônica;
  • Trombose Venosa Profunda.

DOENÇAS ONCOLÓGICAS (CÂNCER):

  • Câncer de Endométrio e Câncer de Mama são duas vezes mais comuns em mulheres obesas comparado à mulheres com o peso normal;
  • Câncer de Esôfago;
  • Câncer de Intestino Grosso e Reto.

COMPLICAÇÕES GENITO-URINÁRIAS:

  • Alterações Menstruais;
  • Diminuição da Fertilidade (capacidade de ter filhos);
  • Síndrome do Ovário Policístico;
  • Ginecomastia (aumento das mamas no homem);
  • Incontinência Urinária

COMPLICAÇÕES PSIQUIÁTRICAS:

  • Depressão;
  • Ansiedade;
  • Distúrbios Comportamentais.

COMPLICAÇÕES DE PELE (DERMATITES):

  • Infecções bacterianas;
  • Infecções por fungos;

COMPLICAÇÕES DA OBESIDADE E DOENÇAS ASSOCIADAS:

Complicações Cardiovasculares: a obesidade, principalmente a andróide, é associada a um aumento do risco cardiovascular devido à aterosclerose. Este risco aumenta proporcionalmente ao aumento do IMC.

Hipertensão Arterial (Pressão Alta): geralmente associada a obesidade, aumento o risco de infarto do miocárdio e acidente vascular cerebral (derrame). A perda de peso reduz a pressão arterial, independente de outros fatores;

Aterosclerose: é o depósito de placas de gordura dentro das artérias. Sua principal manifestação é na doença arterial coronariana e no cérebro quando ocorre o acidente vascular cerebral, comumente conhecido como derrame;

Insuficiência Cardíaca: geralmente secundária a doença coronariana e hipertensão arterial. Esta doença se agrava muito com a obesidade.

Complicações metabólicas: obesidade abdominal é mais associada com este tipo de complicação apresentando resistência a insulina e hiperinsulinemia (insulina alta no sangue).

O pâncreas produz mais insulina na tentativa de compensar o fato de não conseguir retirar o açúcar do sangue. O problema está no fato da obesidade criar uma condição que impede que a insulina funcione nos receptores específicos que estão na superfície das células para que o açúcar seja retirado da circulação.

O AÇÚCAR NO SANGUE É ALTAMENTE TÓXICO:

A insulina alta impede que as células hepáticas utilizem a gordura como fonte de energia e, portanto, aumentam o acúmulo de gordura. A resistência a insulina é o primeiro passo para o aparecimento do diabetes tipo 2. Quando o pâncreas se esgota na tentativa de produzir insulina, aparece o diabetes.

Até então, os altos níveis de insulina conseguem manter a glicemia (açúcar no sangue) normal. Por isso é muito importante, além de pedir um exame de glicemia, também solicitar um exame de insulinemia (taxa de insulina no sangue).

POSSO OPERAR?

Atualmente existem critérios bem definidos para pacientes com indicação para fazer a cirurgia de obesidade: os critérios são baseados no seu peso e altura calculado através o IMC.

Se o seu IMC está entre 35 e 39,9 e tem doenças associadas à obesidade como diabetes tipo 2, pressão alta , doenças osteoarticulares (problemas de joelhos, tornozelos, quadril ou coluna), problemas como apneia do sono, colesterol e triglicerídios elevado ou outras doenças, poderá ser candidato à cirurgia.

IMC ACIMA DE 39,9 EM QUALQUER SITUAÇÃO:

Pacientes com IMC entre 30 e 35 podem ser candidatos à cirurgia em situações muito especiais como doenças cardiológicas graves, diabetes de difícil controle ou outras condições onde a obesidade é fator determinante no controle destas doenças e a cirurgia é indicada de forma bastante criteriosa pelo médico especialista (endocrinologista, cardiologista, etc.)

Atenção: obesidade é o aumento de peso às custas de tecido adiposo. O inchaço (edema) ou muita musculatura (massa magra) que aumentam o peso do indivíduo não constituem obesidade.

Para calcular seu IMC e saber se é obeso ou não, utilize a ferramenta que localiza-se no rodapé de nosso site, assim você saberá seu IMC e como proceder.

SE SOU OBESO POSSO SER OPERADO?

Não. Se é obeso deve antes passar por uma investigação clínica para determinar as possíveis causas.

Uma vez determinadas as causas, estas devem ser tratadas clinicamente. Se mesmo assim continuar obeso, então deverá vir a uma consulta para avaliarmos se você se enquadra nos critérios de indicação da cirurgia.

POR QUE OPERAR?

A chance de uma pessoa obesa morrer pela simples presença desta doença é 10 vezes maior que uma pessoa magra. Associando esta condição (obesidade) à doenças graves como pressão alta e diabetes tipo 2, o risco de morte se eleva ainda mais.

Existem publicações médicas demonstrando que a obesidade associada ao diabetes tipo 2 pode roubar até 15 anos na expectativa de vida de uma pessoa.